segunda-feira, 10 de setembro de 2012

87 - Visitas cantadas na Mouraria

Sejamos sinceros: que imagem se tem da Mouraria? Não estarei muito longe da verdade se disser que a maioria não associa este bairro a um local idílico, mas sim a um local velho, de ruas estreitas e perigosas, vandalizado por pessoas que aí se instalaram de outras zonas do Mundo, num verdadeiro "melting-pot" ao estilo americano.

No entanto, alguém lá entrou realmente com olhos de ver? Com espírito aberto para perceber as vivências que aqui se geraram? Para entender as suas especificidades?

Através das Visitas cantadas na Mouraria tive oportunidade de conhecer a nova Mouraria que se abre, no verdadeiro sentido da palavra, para o Mundo. Vi uma Mouraria com garra, com história e tradição, com bairrismos no bom sentido da palavra, com identidade apesar das diversidades nas gentes e nos hábitos que lhe conferem um ar de originalidade. Acima de tudo, vi muita vontade de fazer, de levar para a frente, com muita energia, novas ideias e novos projectos, numa pró-actividade digna de se ver e de meter inveja a muitos que, por questões profissionais/políticas, deveriam ter esta postura.

Durante cerca de três horas, tive oportunidade de descobrir a beleza deste bairro tão típico de Lisboa, durante tanto tempo esquecido. Servem estas visitas precisamente para isso: usando como pretexto o fado, os visitantes são conduzidos pelas ruas, sendo-lhes dado a conhecer vários elementos históricos e curiosidades do local. Tudo grátis!

O ponto de encontro é na Igreja da Nossa Senhora da Saúde (Martim Moniz), onde se ouve um primeiro fado, com nomes desde Artur Batalha, a António Pinto Basto e Ana Sofia Varela (consoante programação). No Largo da Severa, há espaço para mais música, dando-se aí, sim, o especial destaque a este património imaterial da Humanidade. Depois, por entre ruas e ruelas, em sentido ascendente, vai-se acompanhando um guia cheio de "amor à camisola", com vontade de mudar a mentalidade dos visitantes em relação ao seu bairro. No que a mim diz respeito, conseguiu.

Agora que os dias já escurecem mais cedo, as visitas terminam com as luzes da cidade e as pernas a queixarem-se do esforço, mas com a mente a fervilhar com novos conhecimentos e o espírito mais aberto com as novas descobertas. Se antes se partiu daqui para o Mundo, agora a Mouraria trouxe o Mundo até si e esta mudança que se faz sentir a cada esquina (ainda há muito a fazer, sem dúvida, no entanto as máquinas estão lá prontas para avançar) de certeza que trará cada vez mais visitantes em descobrimentos citadinos! Parabéns à Associação Renovar a Mouraria e demais entidades pela visão e pela vontade de ir mais além!











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