sábado, 7 de abril de 2012

87 - "Eu sou muitos"

Fui ver a exposição sobre Fernando Pessoa na Fundação Calouste Gulbenkian. Embora esperasse que fosse maior, adorei o que vi: simples, fiel, completa, complexa (bem, com um - ou vários - personagens daquele(s) não seria difícil!...) e aprendi para além do que sabia. Aprendi que Pessoa era um empreendedor, mas com pouca sorte (ou pouca capacidade de gestão, não sei). Criava jornais seus, tentou ter editoras, a gráfica. Aliás, a imaginação é o motor de muita coisa, o problema é depois passar essas ideias para o plano do concreto e, pelos vistos, Fernando Pessoa foi tentando. E só isso já diz muito dele. A sua capacidade de iniciativa e de coragem são, pois, um exemplo.

Aprendi também que teve que lidar com o conceito de morte constantemente ao longo da sua vida. E de gente muito próxima. Seria provavelmente diferente naquela época, em que as pessoas morriam muito cedo, a tuberculose espreitava em cada esquina, mas não deixaria de marcar, creio. Aceitou ele esse conceito, não o aceitou? Angustiou-o? Influenciou-o na escrita? Provavelmente.

Outras coisas que já sabia foram reforçadas pela exposição, dando para perceber a sensibilidade, complexidade, instabilidade, solidão e ânsia deste grande poeta. Todas estas suas características do "Eu sou muitos" está muito bem representada através dos painéis dos vários heterónimos, dos jogos de espelhos, do ambiente escuro, da desfragmentação das palavras em determinados vídeos. Ainda a referir a interactividade que torna a exposição ainda mais rica (então para cativar crianças e jovens não há melhor). Conclusão: a não perder!




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